Ninguém quer ler Machado - Parte I¹



* Escrito ao som da trilha sonora de Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel.



Pedro Bandeira: o início.


Meu eu leitor demorou a ser despertado. E, fazendo uma reflexão sobre minhas influências literárias, concluo que sempre tive bons exemplos: meu pai sempre assinou jornais e revistas; quando eu era criança, ele assinava a revista “Turma do Clubinho” (eu teria colocado um link para uma capa, mas a referência é tão antiga que eu não achei, comprovando que estou realmente velha); sempre tive em casa gibis da Disney e da Turma da Mônica. Está no sangue mesmo. Meu próprio pai era colecionador de quadrinhos e revistas foto-novela. E, enquanto você pensa “uaaaaau, foto-novela, que oooold”, saiba que elas fizeram muitas tardes minhas. Ótimas tardes. Aquelas revistas envelhecidas e datadas pelos cortes de cabelo e a moda que denunciavam seus 30 anos, encontradas em uma caixa guardada e esquecida em algum canto da casa dos meus avós, chegaram a mim tardiamente, mas foi incrível ter em mãos algo que meu pai lia muito antes de pensar em se casar e ser pai. E causou uma alergia nunca antes vista na história desta pessoa que vos fala, mas foi legal.

Confesso: nem sempre eu gostei de ler. Não sei bem por quê. Pode ter sido culpa da escola pública que eu frequentei da 2ª à 4ª série, já que lá não se incentivava esse tipo de coisa. Mas também pode ter sido culpa da escola particular em que cursei da 5ª à metade da 7ª série, que, logo no início do ano, passava a lista dos livros a serem comprados para cada bimestre – livros estes sobre os quais os alunos precisavam preencher fichas de leitura (personagem principal, resumo, o que mais gostou, por quê, mimimi, boring ao extremo). Ou ainda, quem sabe, foi trauma de tantas mudanças de escola (depois dessas, vieram outras...). Ah, mas os gibis sempre estiveram comigo, até antes de eu aprender a ler. Assim que comecei a decifrar as primeiras palavras, eu me orgulhava em demonstrar minha nova habilidade, e o primeiro livro que li, também de uma prateleira da minha avó, foi Chapeuzinho Vermelho. Eu li, reli, re-reli, re-re-reli... Mas se alguém tentava me obrigar a ler eu fazia pirraça. Ninguém, a não ser a escola, me obrigou a ler.

Os livros que eu comprava, então, ficavam engavetados no meu quarto e eu passava de ano em português porque escrevia bem e sempre gostei da matéria, porque, se dependesse da literatura, teria sido um fiasco atrás do outro. Então, um dia, minha prima me ofereceu um livro: A Marca De Uma Lágrima, de Pedro Bandeira. Sim, o mesmo contra cuja uma das obras se cometeu a atrocidade de gravar uma adaptação com Sasha no lugar da protagonista e Xuxa vestida de Cinderela da terceira idade. Mas o Pedro Bandeira continua sendo um ótimo autor infanto-juvenil e eu o perdoo por ter permitido que se fizesse isso. Dinheiro é bom e todo mundo gosta, né não? É.

Voltando ao que importa, demorei pra ler o tal livro, mas foi chegando o dia de devolvê-lo para a dona e me obriguei a ler mais pra evitar a vergonha de ter passado um ano com ele do que por vontade (não que eu tenha ficado com o livro um ano por desleixo, por favor, mas porque ela mora longe de mim e me emprestou pra que eu devolvesse da próxima vez que nos encontrássemos). E incrivelmente aquele livro foi devorado em dois dias. Eu levava ele comigo pra todo lugar que eu fosse e não fiz mais nada até terminar. Pronto, descobri que gostava daquilo, gostava de ficar horas e horas desligada do mundo pra dar atenção àquele novo mundo das páginas. Dali em diante, nenhum problema pra ler. Inclusive, resgatei aqueles títulos que a escola me obrigava a comprar só pra fazer a prova e li todos (cabeça dura eu? Imagina!).

Mas chega o ensino médio e com eles os clássicos da literatura brasileira. Revolta! Jorge Amado? Um velho tarado! (Acho isso dele até hoje, desculpa aí.) José de Alencar? Fica enrolando páginas e páginas pra contar aqueles romances cheios de água com açúcar. Modernistas? Gente chata que precisava de uma boa louça pra lavar. Machado? MACHADO? M-A-C-H-A-D-O? O primeiro livro que li dele, por causa do vestibular, foi Esaú e Jacó. Maldita UFPR! Aquele livro foi um trauma, não acontecia nada, quase o livro todo foi feito pra ficar martelando na cabeça das vítimas deste sacripanta que ousou idealizar a ABL pra que hoje velhinhos pseudo-escritores como Paulo Coelho pudessem se reunir para o chá das 17 horas o quanto Pedro e Paulo eram diferentes. E pensar que, segundo disse um dos participantes do Nerdcast, lá fora os alunos têm como leitura obrigatória Senhor dos Anéis (não que o Tolkien não dê um pouco de sono em alguns momentos também... rs).

Então todos estes conceitos e preconceitos criados por mim vieram abaixo. Conheci um professor que sabia de cor (sabia DE-COR) todo o Dom Casmurro. Gente, esta foi minha redenção, o insight que me faltava, mais forte que a revelação dos segredos de Fátima, mais apoteótico que a destruição da Estrela da Morte, mais emocionante que o Sam carregando o Frodo rumo à destruição do Um Anel (espero ter colocado referências suficientes).

Aquilo mudou minha vida...



(Continua em 2010...)




¹ Este é o título do meu futuro-livro, ainda sem nem um capítulo escrito, mas idealizado na minha cabeça, ideia que devo à Cela(@cela26).

Não estaremos atendendo ao requisito



Férias, domingão, nada de realmente útil pra fazer e eu decido mandar alguns currículos pra tentar a sorte. Sim, a esta altura eu começo a achar que apenas a sorte pode me ajudar, mas deixemos as lamúrias sobre minha falta de perspectiva profissional de lado. O que importa é o que confessarei a seguir: vi um anúncio para vagas em call Center na Brasil Telecom e mandei um currículo pra lá, assim, só pra ver no que dava.

Por que, céus, eu cometi tal ato de autoflagelação comigo mesma (yes, eu curto redundância)?


Flashback
Um dia minha irmã, também aparentemente sem nada melhor a fazer, mandou um currículo para o mesmo lugar. Foi chamada para a dinâmica e, como não estava interessada na vaga, tocou o terror por lá. Foi super sincera, falou o que deu na telha e, para sua surpresa, no final da seleção foi chamada para conversar com as moças que aplicavam os testes. Foi ofertada a ela uma vaga para trabalhar em loja. Ela só não aceitou porque exigiam que ela fosse sempre para o trabalho de cabelo escovado/chapado, mas como ela tem o cabelo bem cacheado, recusou a oferta.
Fim do flashback


Confesso, eu fui apenas na esperança de que aparecesse algo melhor, afinal eu não tinha nada a perder além da passagem de ônibus. Mas eu saí com algo muito melhor daquela sessão de horror: um pouco de noção sobre a educação brasileira.

A coisa toda já começa divertida. Chego na salinha destinada às pobres criaturas em desespero. Tudo em tom de cinza, preto e marrom, inclusive as pessoas¹. Sabe aquela atmosfera escura, nebulosa, de que alguma tragédia está prestes a acontecer? Eu com a minha blusinha branca coberta por outra lilás de lacinho na lateral da gola destoava completamente do clima macabro.

Então a moça apresenta as (des)vantagens de se trabalhar numa empresa do porte da Brasil Telecom. Ou melhor, na Oi. Agora é tudo Oi, a Oi comprou a Brasil Telecom. Oi. Números, estatísticas maravilhosas (que, para os mais espertos, prova o trabalho de dromedário executado pelos funcionários) e os benefícios. Nessa hora me deu vontade de rir. Salário: R$490,00. Isso mesmo. E o anúncio dizia que existiam outras vantagens, tipo plano de saúde, plano dentário, etc. Mas, a cada uma das opções que você escolhe, uma quantia irrisória é descontada desse salário vergonhoso. Quer plano dentário? Volta aqui pra gente seis reais e noventa centavos. A vontade foi de rir na cara da mocinha do RH da empresa, mas minha curiosidade falou mais alto e eu continuei firme e forte (ela disse que quem não se identificasse com as características da empresa poderia sair da sala e desistir).

Momento decisivo: a prova. Conteúdo: português, algo que eles definiram como matemática e informática. Uma das exigências trazidas no anúncio era ensino médio completo e, confesso, minha concepção de um indivíduo com o ensino médio completo estava completamente superestimada a julgar pelo nível da tal provinha. A parte de português trazia algumas questões de múltipla escolha para assinalar a alternativa que apresentava todas as palavras acentuadas corretamente, mas não eram palavras como “pudica”, “boêmia” e essas pegadinhas que ensinam no início do ensino fundamental pra gente. As palavras eram coisas estúpidas como “mágico”, “máquina”, “estágio”. Reforma ortográfica? Nunca se ouviu falar dela. E a matemática? Hehe. Complete as sequências numérica: 2, 4, 6, 8, 10..., ou 0, 5, 10, 15.... Juro que era coisa desse tipo. Gente, sorry aê, mas me dá essa prova enquanto eu estava na 2ª série que eu gabarito do mesmo jeito, vamos combinar, né. A informática só envolvia comandos do Word e você tinha que reconhecer ícones como “abrir novo documento”, “abrir documento existente” e “organizar em ordem alfabética”. E o melhor estava por vir...

Assim que terminasse a prova de sanidade mental conhecimentos gerais, o candidato infeliz era orientado a aguardar em outra salinha ao lado para esperar pela prova de digitação. Nem preciso dizer que saí da tal prova estarrecida e desacreditando que aquilo era a definição de “ensino médio completo”. Mas, graças ao destino, eu sou uma pessoa tímida e mais ouço do que falo em ambientes desconhecidos, porque minha vontade era de pegar um megafone e berrar para o mundo ouvir:
QUEM É O IMBECIL QUE REPROVA NESSE TIPO DE PROVA?

Olha, mas foi por pouco, muito pouco mesmo que eu não cometo uma gafe histórica. Enquanto esperavam ser chamados para a prova de digitação, os pobres coitados que se submeteram à tal seleção começam a confraternizar (a impressão que eu tenho é a de que todos achavam que sua capacidade de socialização e trabalho em grupo estava sendo julgada desde sempre, mesmo que não houvesse ninguém do RH presente na sala). Então uma criatura da qual eu só posso sentir muita pena diz:

- Eu vim fazer a prova há duas semanas, mas como não passei me telefonaram para vir tentar novamente.

O que pensar? Rio ou choro? E não era uma senhora que tivesse terminado os estudos há muitos anos e se esqueceu da tabuada do 2 ou do 5, era uma menina com seus 20 anos, sem qualquer problema mental aparentemente detectável. E são coisas como essa que me fazem repensar alguns dos meus conceitos ultrapassados e o quanto eu subestimo meus conhecimentos (ou, como já disse, superestimo a educação dos outros). Pra mim, qualquer criança apta a cursar a 5ª série deveria saber responder pelo menos as questões de português e matemática. A de informática nem tanto; eu sei que, apesar da minha realidade incluir banda larga como suprimento básico de vida, nem todo mundo vive conectado, tem Twitter ou lê blogs e sites diariamente. Compreensível no meu ponto de vista. Tanto que consegui segurar o riso quando uma - agora sim - senhora disse que viu o símbolo com um “AZ” com uma flechinha para baixo e achou que fosse “procurar em ordem alfabética”.

Depois houve o teste de digitação com um teclado desconfigurado, ruim, velho e torto (sério, era torto) que consistia em copiar e formatar um texto grudado num papel abaixo do monitor (desespero geral, metade foi reprovada e nem voltou para a salinha onde quem terminava a prova voltava para esperar). E finalmente as apresentações. Nome, idade, onde mora, formação, características aleatórias perguntadas pela orientadora da dinâmica. E aquelas pessoas que mal sabiam a sequência crescente dos números pares dizendo que pretendiam crescer dentro da empresa e virar um monitor ou gerente de call center. Será que eu conto que eles nunca passarão da posição daquele povo que a gente tem vontade de xingar quando somos atendidos ou recebemos telefonemas tentando vender coisas? Como uma pessoa que não sabe acentuar uma palavra básica do vocabulário cotidiano sonha em ter um cargo de superioridade dentro de uma empresa? E não adianta dizer que é só se dedicar, ser bom no que faz e aguardar o resultado. Qualquer um sabe que quase a totalidade dos contratados nunca vai passar de atendente de telefone e, munidos da poderosa arma do gerundismo, assassinos do clássico português.

Na minha vez da apresentação, falei que estava fazendo pós-graduação e fui indagada sobre a razão de estar ali naquela seleção, visto que obviamente alguém assim não perderia tempo com isso. Claro que eu tive vontade de dizer “quero ver até que ponto esta palhaçada vai, é só uma observação antropológica”, mas me contive. Fui sincera, falei que só mandei meu currículo porque não tinha nada melhor a fazer e nada a perder, que nem de longe meu sonho era trabalhar ali e eu tinha sonhos maiores pra mim. Hihihi. Geral me olhando assim O___O

Apesar de tudo, saí de lá triste. Triste por quem termina um ensino médio sem ser capaz de coisas que eu já estava cansada de saber antes dos 10 anos de idade. Triste pela educação do país, pela perspectiva profissional daqueles que estavam realmente apostando seu melhor naquele emprego que paga, sem descontar benefícios, 490 reais por mês. Sem saber se eu que sou inteligente ou os outros que não fizeram o mínimo que se espera de alguém alfabetizado. Muito frustrada por constatar que possivelmente eu desconheço a realidade da maioria dos brasileiros, certa de que essa realidade é tão obscura quanto a atmosfera que encontrei quando cheguei com minha combinação de branco, lilás e lacinho na gola.


¹ Depois de reler eu vi que isso soou estranho, mas eu me referia às roupas, não à etnia das pessoas, que fique bem claro.

Então é Natal...

Eu comentei ontem com meus amigos revolucionários que não queria transformar este blog num espaço de reclamação, mas desta vez foi inevitável. E eles ainda disseram que posts indignados são os melhores, então ótimo. Toma reclamação.

* * *

São exatamente 19:42 (horário de Brasília, de verão...), uma terça-feira. Eu tomei meu banho refrescante e bem-vindo nestes tempos de aquecimento global em que nem Curitiba escapa de temperaturas altas (pra mim, que sou fresca, segundo dizem as más línguas que insistem em me ultrajar), estou de pijama, com o cabelo molhado, dividido em quatro partes, que é como eu faço para secá-lo. Estou bastante próxima de ser confundida com a Dona Florinda, eu di
ria. Minha pequena cachorrinha está deitada no tapete de crochê estendido aos pés da minha cama, olhando para a porta, esperançosa de que alguém venha libertá-la do seu convívio forçado comigo (vide foto abaixo). Para entender como nós duas viemos parar em cárcere privado, continue lendo este post.


Dudy says: E agora, quem poderá nos defender?


Cada família tem seu ritual nesta época do ano. É tempo de árvores enfeitadas, de luzinhas em volta de toda a casa (abraços solidários ao horário de verão, que serve justamente pra economizar energia em horários de pico), de amigo secreto, nozes, castanhas, cânticos natalinos, lojas fervendo nos grandes centros, galera recebe o 13° salário e gasta como se não houvesse amanhã, as crianças entram em férias, muito calor, insetos se proliferando, confraternização com o próximo. Esta última parte é a que eu mais odeio de longe: confraternização. E isso, nesta época, significa: NOVENA.

No que consiste uma novena, caros padawans? Ah, isto é um rito à parte. Minha abençoada mãe vai ao centro da cidade, compra velas, castiçais, monta presepinho, coloca o menino Jesus em seu ninho de palha, enche as bombonieres de Sonho de Valsa, leva a Bíblia que normalmente fica num aparador no corredor para a sala e aguarda. Aguarda os sinos badalarem as 19:30 para receber em casa pessoas, sempre mulheres, vizinhas do que elas chamam de “comunidade” somente uma vez por ano ou nos bingos da igreja. Esperto é homem que confraterniza no bar, logo após o trabalho mesmo. E vocês pensam que essas tias gostam disso? Não! Elas só comparecem porque não é socialmente recomendável fugir de compromisso de que ninguém tem coragem de dizer que não gosta. Eu tenho, eu digo, eu não vou! Eu já nem lembro qual a última vez em que eu fui à missa, acham que eu vou frequentar novena com um monte de vizinha que só o faz por obrigação de cara amarrada? Pior: é minha mãe quem organiza as novenas aqui do bairro.

Mas minha mãe não tem coragem de admitir para os vizinhos que tem uma filha perdida que não encontrou Jesus. Então o que acontece? Também se trata de um rito, anualmente repetido. Minha mãe mostra as coisinhas que adquiriu feliz da vida, e eu só “opa, legal, heim” (fora estourar os plásticos bolha em que vieram os souvenires religiosos). Então, quando vai chegando a hora dos convidados chegarem, ela olha ameaçadoramente para mim e minha irmã e diz:

- Vocês vão descer pra rezar? Tem que ir alguém pra não ficar chato, né?

Por que minha mãe ainda me pergunta isso? Eu só queria uma razão, um fato de demonstre que haja alguma chance neste mundo de eu passar uma hora lendo livrinho de catequese e cantando músicas religiosas (em nome do Paaaaaaaaaai, em nome do Fiiiiiiiilho, em nome do Espírito Santoooooo, estamos aquiiiiiiiiiiiiiiiii... Meu coração é para tiiiiiii senhooooooOOooOOooorrrr...). Eu não sei por que ela simplesmente não vai lá e diz que suas filhas não gostam dessas reuniões (e eu não vejo os filhos dos vizinhos aqui em casa, fica a denúncia). Sobra pra quem? Ponto pra quem disse “sua irmã”. Sim, a coitada, cheia de trabalho de fim de semestre na faculdade, precisa parar tudo o que estava fazendo e ir lá, afinal coube a ela a tarefa de amenizar a vergonha pela filha desgarrada aqui. Mas tem uma condição pra eu não ouvir sermão e poder ficar aqui na minha: preciso cuidar da pobre Dudy, a cachorrinha, me trancar no meu cativeiro e fingir que eu não existo enquanto alguém ainda estiver na sala (só minha mãe pra achar que ninguém nunca notou que eu sempre estou fora de casa em dia de novena). Já comentei por aí que um dia vou chegar lá com meus livros de Harry Potter e dizer que preciso rezar virada para Hogwarts pelo menos uma vez por ano! Também já me aconselharam a descer as escadas na posição de ponte e girar a cabeça 360°. Juro que fiquei tentada.

A liberdade de culto religioso – ou não – consta na Declaração dos Direitos Humanos e é um direito constitucional! Assim como as senhoras que neste momento estão na minha sala rezando têm o direito de ler seu livrinho e participar de novenas, eu tenho o direito de não participar, de ser agnóstica ou atéia. Eles não podem me processar por isso; eu posso processar alguém por me manter em cativeiro e ferir minha liberdade de ir e vir. Enquanto isso, estou aqui, com meu cabelo secando (ele vai ficar horroroso amanhã, OMG!), observando minha pobre cachorrinha olhar tristonha para a única saída, esperando o Salvador terminar a conversa lá embaixo e depois vir tirá-la daqui.

Quem é o criminoso, minha gente? Ah, mas é tudo em nome de Deus, da comunidade, da vizinhança. Amém.



PS: Assim que estava terminando de editar a foto que ilustra este post-denúncia, minha mãe entrou no meu quarto dizendo "nossa, como tá calor aqui". Jura, mamy? Deve ser porque essa porta ficou trancada por uma hora enquanto você rezava lá embaixo. Mas deixa eu ir secar meu cabelo.

Back to Home Back to Top Insira Aqui Um Título. Theme ligneous by pure-essence.net. Bloggerized by Chica Blogger.