Amizade: ambiguidade

E já que o @zirpoli tratou de espalhar meu texto mesmo depois de eu dizer que era apenas para um seleto grupo ler, bora postar no blog.



Amizade: ambiguidade
Por Érika Zemuner




Amizade é coisa frágil.

Leva-se muito tempo para construir uma amizade verdadeira. A confiança vai surgindo de forma gradual, conquistada com muita dedicação. Mas um erro e ela desmorona como caixas de cereal na prateleira do supermercado porque você queria aquela que estava escondidinha lá atrás.

Quando acontece uma identificação forte com seu amigo, vocês juram que não há nada no mundo que possa separá-los, que nunca haverá decepção ou mentira suficientemente forte que seja capaz de destruir o que foi construído. Vocês juram que não haverá mentiras ou decepções. Então um deslize acontece e uma briga, mesmo a primeira, pode ser suficiente para causar um dano irreversível.

Quando fazemos amigos, também criamos expectativas. Logo imaginamos como estaremos no futuro, que nosso amigo estará ao nosso lado sob qualquer circunstância, para vibrar junto com nossas conquistas ou para nos oferecer algumas horas do seu tempo quando as lágrimas são de tristeza. Aí a vida nos obriga a tomar diferentes caminhos, nós ficamos naturalmente mais distantes e, sem perceber, aquele amigo que estava nos planos do futuro torna-se um estranho em pouco tempo.

Fazemos questão de dedicar cada pouco tempo de nossas vidas a esses amigos, mas de repente a vida fica corrida demais e o amigo não é mais prioridade. E não é culpa de ninguém. A vida trata de separar sozinha pessoas que nasceram para completar umas às outras.

Amizade é coisa muito poderosa.

Quando bem cultivada, não há divergência que destrua a relação entre amigos verdadeiros. Aliás, amigos de verdade adoram discordar, porque sabem que a outra pessoa nunca iria abandoná-la ou virar-lhe a cara por causa de uma discussão.

Quando a verdade é o pilar de uma amizade, ela pode ser indestrutível. Porque não há coisa mais eficiente contra um relacionamento que a mentira. Então seu amigo irá entender seus erros e estará pronto para perdoá-lo com sinceridade, pois você também já precisou relevar outras coisas.

Não suportamos a forma como alguém da família deixa tudo bagunçado pela casa, mas em nossos amigos amamos até aquela característica mais irritante. E isso, no fundo, faz parte da personalidade dos nossos amigos, pois, sem esses defeitos, eles não seriam tão perfeitos.

Quando dois amigos se amam, não há distância ou tempo contra. Pode haver centenas de quilômetros ou meses e anos separando duas pessoas, mas cada conversa ou encontro apagam as adversidades. E é como se nunca houvesse uma separação.

Quando há amizade verdadeira, não são necessárias muitas demonstrações e provas de afeto. Um olhar é suficiente. Quando dois amigos de conhecem, um completa os pensamentos do outro, sabem o que o outro pensa apenas por um gesto, sabe que a pessoa não está passando por um bom dia num simples cumprimento levemente mais desanimado que o habitual.

Amigos sabem se comunicar por detalhes que ninguém mais percebe. Há um código que pertence apenas a eles, que eles conquistaram sendo cúmplices um do outro.

Amigos não têm medo de nos perder para outras pessoas, pois sabem que o que existe entre nós e eles é único e incomparável. Mesmo nas piores crises, há a certeza de que a pessoa voltará – decepcionado, pedindo desculpas, arrependido, mas voltará. E nós estaremos prontos para compreender e esquecer novamente, porque, oras, é isso que amigos fazem.

Amizade é uma coisa contraditória e complicada. E, normalmente, quando mais complicado algo é, mais vale a pena.

Divina tragédia: os 3 infernos


Não se deixe enganar pela falsa sensação pacífica. Esta foto deve ter sido feita num feriado.


Mesmo correndo o risco de ser óbvia e insistir em socar a mesma tecla, preciso expressar publicamente as últimas experiências vividas por mim nessas semanas que se passaram e, para o bem da minha saúde mental, terminaram. Mas não me alegro e nem me iludo, pois outras semelhantes virão (N.d.A.: olha, eu escrevi isso no final de setembro, mas é perfeito pro momento, então nem vou mudar a introdução).

A parte boa da última semana (ou meses) que se passou é que houve muito aprendizado. Aprendi que não devo ignorar a presença de um cálculo renal quando ele aparece. Isso demonstra uma propensão a desenvolver outros e pode levar você ao hospital num domingo à noite, quando a única pessoa com carteira e meia-coragem pra dirigir está viajando. Além disso, a pessoa mencionada pode voltar poota da vida, dizendo que dessa vez vai obrigar a filha relapsa a ir a um médico de qualquer forma, mesmo que a filhinha tenha completado 26 anos de pura irresponsabilidade com a própria saúde. Outra lição que guardarei pra vida toda é: nunca, em hipótese alguma, entre em um ônibus biarticulado em Curitiba caso esteja chovendo. Nunca.

Qual a relação entre ônibus e chuva? A mesma que chuva e trânsito; a mesma que fila e gente babaca; a mesma que atraso e sinal vermelho; a mesma que pressa e computador travado; a mesma que pressa e velhinhas na calçada; a mesma que sua vida e a lei de Murphy: na teoria, nenhuma. Mas essas coisas costumam se atrair numa freqüência de deixar qualquer monge maluco da vida. O ser humano deve ter sido programado pra entrar em pane total diante de uma situação de ajuntamento popular. Porque simplesmente não há explicação lógica para o comportamento das pessoas no meio da multidão, principalmente se a multidão é usuária do sistema público de transporte.

O pior disso tudo é que, possivelmente, eu ainda estou reclamando de um dos sistemas de transporte mais eficientes do país. Desculpa, mas ser “mais eficiente” diante de uma total falta de parâmetro não me serve. Não interessa se fulaninho lá no meio do país enfrenta mais dificuldades que eu. Os ônibus em Curitiba continuam superlotados, as pessoas continuam mal educadas, o trânsito continua estressante aqui onde eu moro. Digo isso porque, sempre que quero descontar minha frustração cotidiana com o planejamento urbano da cidade, tem alguém pra dizer que ouviu falar de alguém que pega vinte ônibus, dois metrôs e ainda anda quinze quilômetros pra chegar no raio que o parta. Engraçado que nivelar por baixo não era argumento quando eu estudava, ia “mal” numa prova (ficar 0,5 abaixo da média, sei lá) e dizia que todos os meus amigos também enfrentaram dificuldades. Sempre ouvia um “mas eu não sou mãe do fulano”. Agora, quando eu me sinto prejudicada moralmente, é válido usar a desgraça alheia. Pera lá, né.

Passei de desempregada para usuária de biarticulado(s). Não sei o que é pior. No início, como eu sou covarde demais pra me aventurar a usar uma linha que desconheço, ia com o micro-ônibus que passa aqui perto de casa até o centro e de lá pegava outro em que permanecia por apenas três estações-tubo. Mas aí essa conta começa a pesar no meu salário de assistente editorial e eu tive que sair e enfrentar a vida. Acompanhe: o dia começa com um Interbairros III tranquilo, uns 10 minutos de viagem até o terminal. No terminal é que começa o drama propriamente dito. Lá eu entro no Centenário/Campo Comprido. Não é possível mesmo que um ônibus com a palavra “campo” seja uma experiência edificante. Normalmente, espero uns dois desses passarem pra entrar em um mais tranquilo em que sobre pelo menos um caninho em que segurar (pois é, vida que eu tenho nego pena que é fácil). Sem maiores detalhes (que virão a seguir, aguarde), chego a outro tubo no centro e lá finalmente embarco no Santa Cândida/Capão Raso, que me deixará perto do trabalho.

O problema, no entanto, não é a viagem, não é o estado dos terminais de ônibus da cidade, não são as estações-tubo. O problema são as pessoas. Pessoas. Todas entram em tamanho estado de desespero por sei-lá-o-quê que já embarcam mirando qualquer lugar pra se agarrar e lá permanecer até seu ponto de chegada, mesmo que você esteja nesse lugar. Ou seja, primeiro erro: galera não aprendeu na escola a lição básica de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Há também aqueles que querem ficar sentados lindos e cheirosos (not) em seu banquinho até o ponto em que precisará descer. Daí, chegando perto, nota que vai precisar sair de lá na força e sai empurrando o que estiver na frente no melhor estilo jogador de rugby. E dá-lhe agarrar bolsa, fones de ouvido, tudo o que estiver levando consigo para que nada saia do ônibus sem você – isso quando não é necessário tomar o devido cuidado para que você não seja levado pela massa pra fora ou pra dentro do ônibus. Então você sobrevive à viagem, chega no tubo e descobre aquela galera parada na porta esperando para entrar naquele ônibus de que você acabou de sair. É um Deus nos acuda! Mais uma vez as pessoas desafiam as leis da física. Então, no final, quando só falta aquele terceiro ônibus pra essa epopéia terminar, vem mais dificuldade: as pessoas que precisam descer não se contentam em ficar perto da porta, elas precisam ficar agarradas NA PORTA mesmo que não precisem descer no próximo ponto. A distribuição demográfica é comovente: portas 2 e 4 (de saída) entulhadas e o resto do ônibus muito sossegado.

Esses problemas quadruplicam em dia de chuva, porque, não sei o que acontece, mas o povo perde a capacidade de raciocínio em situações adversas. O pessoal que quer sair de um ônibus se choca com aqueles que querem pegar o mesmo e com os que querem ir nas outras portas para embarcar em outro. Tudo. No. Mesmo. Lugar. Do. Tubo. Só sei que na última quarta-feira, quando mais choveu no horário de rush, quase entrei involuntariamente em um ônibus que não precisava tamanha foi a fúria da multidão querendo passar. Mais à frente, uma garota começava a empurrar as pessoas para conseguir passar e, quando finalmente saiu de onde se concentrava a muvuca, esbravejava que tinham passado a mão nela no meio da confusão. Muita classe, muito glamour, muito brilho, muita felicidade.

Interbairros III, Centenário, Santa Cândida. Você pode chamar o inferno por qualquer um desses nomes, pois eu duvido que exista neste ou em qualquer outro mundo uma representação melhor da morada do capeta. É por essas que eu duvido seriamente da existência de céu, purgatório e inferno. Não aceito que enfrentar essa rotina todos os dias não seja parte da quitação da minha dívida, eu não tenho tantos pecados assim pra pagar. O inferno é aqui, o inferno são os outros, já diziam os Titãs.

Homens discutem (e como discutem! ) Crepúsculo


Olá pra você que está acostumado a ler minhas opiniões por aqui. Hoje brincaremos de algo um pouco diferente. O Arthur Melo (sim, o grande ADPC¹) pediu pra que eu cedesse um espaço pra ele hoje, afinal ele ainda não tem um blog próprio além daquele de cinema lá. Então o texto que se segue é dele, a opinião é dele, a culpa toda é dele. Eu só aluguei o terreno.

Sem maiores explicações, deixo meus queridos leitores com o Arthur.

¹ Arthur Do Pipoca Combo


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Crepúsculo: a visão de quem NÃO inveja o Edward
Por Arthur Melo


Porque né, inveja... Disso?


Eu deveria estar fazendo uma resenha que encerrará uma das matérias destes últimos períodos da faculdade. Mas eu cometi a imbecilidade de dar uma passada rápida no Orkut e caí que nem um pato em um tópico da @erikaczb, postado em uma comunidade frequentada por nós e outros tantos amigos. O tópico em questão era sobre o bate-rebate entre Maurício Saldanha (do popular Cabine Celular) e o crítico de cinema Pablo Villaça (excelente em sua profissão, um tantinho chato no Twitter), do Cinema em Cena. O motivo? A Saga Crepúsculo e seus respectivos vídeos abordando a série, desencadeados pelo lançamento do mais recente filme, Eclipse.

Se um ou outro está tentando se promover, isso não entra em discussão aqui. Mas eu confesso que me senti atingido pelas inverdades proferidas pelo MS (vou abreviar o nome de ambos daqui para frente) em seu vídeo – o que é muito curioso, porque, normalmente, são as verdades que queremos esconder que alfinetam a gente. A questão é que alguns de seus pseudo-argumentos são tão inquietantes que eu me vejo na obrigação de desmenti-lo. E, como o PV disse em seu vídeo, não há melhor forma de responder/comentar/debater do que argumentando bem e, claro, dando exemplos. Pois bem. Eis aqui um exemplo em ação.

Antes de iniciar de fato (eu prometo que farei isso sem enrolar mais do que já o fiz), quero deixar claro que, caso a proprietária deste blog me permita tomar emprestado este espaço apenas por hoje, isso não significa que ela está de acordo com tudo o que for falado aqui, e nem que divide comigo as opiniões e argumentos – sejam parciais ou em sua totalidade. De qualquer forma, como eu bem prometi a ela (NdB: ele tinha prometido que esse blog sairia dia 01/07. Espero até agora.), em breve criarei um blog para incitar a discussão de um bando de coisa broxante ou excitante que vejo pelo mundo – estresses proporcionados por comentários idiotas de pessoas no Twitter podem vir a se tornarem gigantescas teses. Assim, como ainda não construí minha casa, vim pedir abrigo nesta noite de tempestade.

Vamos lá. Como bem disse o @gabrielvilela no tópico supracitado, o que pode ter levado o PV a gravar e publicar um vídeo resposta para o MS é bem aquilo que o mesmo comenta no finalzinho. Para alguns, cinema é religião. Para alguns, ouvir e ter de engolir certas coisas, sabendo que tantas mentes serão infestadas por esses raciocínios chulos já mastigados e errôneos, é frustrante. É como saber que uma mentira está sendo proferida e você não pode fazer nada. Por sorte, ele tem alguma projeção no meio, e logo tratou de desfazer a besteira.

Como alguns sabem – me refiro ao círculo mais próximo – eu também escrevo minhas críticas no meu site, Pipoca Combo. Por vezes fui atacado e xingado por não ter sido tão benevolente com alguns filmes que possuem legiões de fãs. O último foi Percy Jackson. Para minha felicidade, algumas opiniões mudaram depois que o filme estreara e houve até pedidos de desculpas. Ok, isso não vem ao caso. É de Crepúsculo que estamos falando.

Bom, sou homem, vez ou outra tenho um surto de altruísmo, sei ser simpático e acredito que já fui mais romântico. Isso me faz incapaz de ler e compreender Crepúsculo? Não. Até porque, qual a dificuldade de extrair daquele monte de páginas o que Stephenie Meyer quer passar? Nenhuma. A verdade é que eu simpatizei (eu juro que é verdade) com Crepúsculo, no início do livro. Quando o li, ainda não havia filme, não havia tanta histeria e, portanto, ninguém pode me acusar de que desgostei só porque não queria me render a uma modinha ou só porque eu sou fã declarado de Harry Potter. Convenhamos, àquela época (e ainda hoje), Crepúsculo não era ameaça para ninguém. Quem conhecia aquilo? Ocorre que li devagar, no meu tempo, com cuidado e certo interesse; do início ao fim. Queria muito saber como o romance iria terminar e a que passo estaria Bella quando o ponto final fosse dado. Mas, em nenhum momento, deixei de notar os problemas.

Certo. Faço críticas de cinema e estou bem acostumado com isso. Mas eu sou estudante de Letras e, pelo o que me consta, ao cabo de sete períodos e tendo sempre excelentes resultados nas matérias de literaturas (por mais que eu sempre achasse que não estava indo bem), acho que isso me dá alguma autoridade – pequena, tudo bem – para comentar a “obra” (e aqui eu posso me dar ao luxo de estar minimamente mais seguro do que o Villaça neste ponto, apesar dele ter demonstrado um ótimo conhecimento em seus comentários que rondavam o campo literário). Meyer é, mesmo, ruim. Na forma (o que confesso que levei mais do que 35 páginas para confirmar) e no conteúdo (caiu a ficha no segundo capítulo). Seus períodos (estou falando de gramática), demasiadamente longos, demonstram um despreparo gritante em resumir ideias. Várias vezes insere conjunções e composições frasais para substituir uma palavra, acreditando estar construindo uma definição mais elaborada ou descrevendo com maiores detalhes um elemento da cena narrada quando, se olharmos bem, está moendo o mesmo grão duas vezes – infelizmente, não estou de posse do livro, não o sei de cor e não me prestarei a buscá-lo e procurar um trecho bem esdrúxulo para exemplificar (sim, porque para que algumas pessoas entendam que aquilo que amam é ruim, temos de sinalizar com neon, pessoas seminuas dançando em volta e ainda pedir para os Meninos Cantores de Viena declamarem).

No conteúdo, a problemática se agrava. Tentando não repetir outros argumentos do PV e até do Felipe Neto (que eu acho ultra tosco, mas, convenhamos, falou ótimas verdades no seu último vídeo), apenas recapitulo o quão mal desenvoltos são esses personagens. Quer dizer, Edward é um vampiro cuja única ligação com a popular imagem do mito é se alimentar de sangue. Presas, voar, virar pó sob o Sol, se transformar em morcego e pertencer ao lado das trevas foi abandonado. A coisa foi biologicamente reduzida demais: é apenas um ser humano que não envelhece, não possui mais reações fisiológicas e nutre suas forças com o sangue alheio, já que não o produz mais. Jacob é um lobisomem cuja única ligação com o então mito é se transformar em um lobo. Ou seja, o horrível galã Gary Oldman (oi, Saldanha) perdeu uma ótima oportunidade de atrair gritos e suspiros em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, porque se formos comparar, não enxergaremos diferença entre um e outro. Jacob é, apenas, um cãozinho maior. Vou criar um livro sobre um alienígena. Ele será um ser da nossa fauna que nunca fora visto antes por nenhum cientista. Será estranho, verde, terá cabeça grande, olhos desproporcionais, braços longos e pernas curtas. Olha, ele não veio de outro planeta, mas as características “principais” batem, tá? Então É UM ALIEN!!!!!!11111111

Bom, já a Bella é uma adolescente irritante, incapaz de conviver com amenidades da vida e por isso resolve ir morar com o pai, isolando-se do mundo que amava. Não é inteligente, não é tão bonita e está longe de ser aquela pessoa super alto-astral que você convida para um cinema. O que um sujeito de séculos de existência e experiências acumuladas veria nela? Mas se Bella, aquela porcariazinha, pode, isso quer dizer que todas as leitoras, se colocando no mesmo estado em constituição física e psicológica dela, também estão aptas, partindo de agora, a encontrar o seu príncipe encantado. Isso explica muita coisa.

Por um terço do livro, vemos a pobre e infeliz garota remoendo a nossa paciência enquanto ela ainda está a passos de descobrir que Edward é um vampiro. Na segunda parte desta divisão, vemos um romance que só não se compara aos da Sessão da Tarde porque nestes sempre tem um banho de loja na mocinha embalada por uma música daquelas que a gente toca pra ir fazer faxina em casa (Tipo “Walking on Sunshine”). Daí, no final, mas lá perto do final mesmo, Stephenie se lembra que ela não tem nada para criar um clímax. É, porque a não ser que a tal amiga Jéssica se junte ao descartado Mike para tentar separar Ed de Bella (Malhação feelings), não temos nada para empolgar. E, do nada, surgem os nômades. Sem nenhum contexto ou qualquer relação com a base mitológica – já inexistente – na trama, eles vêm e ameaçam a segurança de Bella. Uma incoerência tão desmoralizante para alguém que se põe a escrever uma história que seria o suficiente para enaltecer uma vergonha na mesma proporção com que os livros são vendidos. É tão lógico e humilhante que chega a parecer uma ofensa a quem está acompanhando esse desenlace à pressas; tão berrante e quase ensurdecedor que até tentaram emendar no primeiro filme da série. Uma lástima para quem aturou.

Já cheguei a duas laudas no Word e conseguiria apontar outros inúmeros problemas além dos que já comentei e os já citados por Villaça e Felipe Neto. Mas eu realmente preciso investir a minha vida em outra coisa que não seja falar de Crepúsculo hoje. Até porque, se já é ridículo três homens discutindo por causa disso, imagina quatro. Mas eu tive que fazer isto. Já ia surtar e sinto que novos argumentos serão lembrados depois de ler alguns possíveis comentários aqui.

Quanto aos comentários do Saldanha... Bem, eu li o livro, não o fiz “nas coxas” e nem decretei como lixo só por implicância. Mas estou acostumado a ler bastante coisa e até já me aventurei em livros bem ruins do público infanto-juvenil, como Percy Jackson. Ao menos no primeiro capítulo já era visível que ao menos a forma de escrita era de alguém que conhece os mecanismos que está usando. Nem isso acontece em Crepúsculo. E sou obrigado a dizer que devem existir rapazes de boa aparência que já tentaram ler ou assistir a algum filme da série e não gostaram por motivos próprios, os quais não obrigatoriamente seriam inveja do corpo ou do rosto (de quem, do Robert?? Pfff) dos protagonistas, porque talvez isso nem tenha sentido para eles, e, ainda, cujas namoradas são bem mais atraentes e simpáticas do que a Bella. Mas dizem que alguns sujeitos que malham pra caramba querem compensar alguma coisa. Quem tiver interesse, pergunte ao “Jacob Lautner”, pra mim tanto faz. A verdade é que eu não gosto de Crepúsculo, não faço musculação e não irrito o sexo oposto gritando no cinema toda vez que a Megan Fox desfila em cena. Acho que quebrei mais alguns argumentos do Saldanha.

Espero, com esse texto, não ter decretado desde já o fim de um blog que nem começou.



Obs: Se você não está entendendo nada do que foi dito aqui, eu, a dona do blog, aconselho você a ver ESTE vídeo, depois ESTE e, finalmente, ESTE.

Harry Potter - O Bater de Asas


Crônicas de Nárnia é a série que substituirá Harry Potter. Não.

Eragon, de Christopher Paolini, chega às telas prometendo ser o sucessor do bruxinho britânico. Também não.

Bússola de Ouro chega com tudo prometendo desbancar o sucesso da obra de J.K. Rowling. Mais uma vez, não.

Então Desventuras em Série terá esse poder... Not.

A saga Crepúsculo disputa com Harry Potter a preferência do público. Dessa eu tive que rir.

Não adianta, Harry Potter não tem, até o presente momento, nenhum concorrente à altura. Toda nova série lançada, seja impressa ou projetada, chega com a promessa de ser tão arrebatadora quanto a série de sete livros que transformou Harry Potter num dos maiores fenômenos literários da história. Acredito que esse tipo de peso só seja atribuído a esses novos títulos na tentativa de mobilizar os curiosos a conhecer tal produto e saber se aquilo tem, de fato, potencial pra suceder a obra de J.K. Sinto muito se isso soar arrogância, mas é fato. Mas isso é apenas o início das coisas que eu poderia falar sobre a importância dessa série na literatura de fantasia, no cinema, pra uma geração e na minha vida.




Já assistiram ao filme “Efeito Borboleta”? Se não assistiram, ao menos sabem do que se trata. A frase do início – algo sobre o bater de asas de uma borboleta ser capaz de produzir um terremoto do outro lado do mundo – resume bem. A qualquer momento, sem saber, podemos estar vivenciando um segundo único em nossas vidas que poderá mudar todo o curso dela a partir dali. Isso é fantástico e, ao mesmo tempo, assustador. Como perceber que determinadas escolhas e palavras terão a força de nos levar a um caminho totalmente diferente do que poderia estar escrito em nosso destino e previamente rservado para nós? Acho que a gente nunca sabe, só vai perceber lá pra frente, fazendo uma reflexão de nossa própria história.


Pois, meus caros, ler “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi o bater de asas da borboleta na vida de muitas pessoas que eu conheço e, certamente, de outras muitas que eu sequer chegarei a conhecer. Tenho absoluta certeza de que muitos dos que lerão este texto estarão concordando em silêncio com a afirmação anterior, pois, se não fosse por este livrinho simples e rápido de ser lido, eu não conheceria a maioria dos que eu sei que chegam ao meu blog. É simplesmente fascinante ter a consciência de que um passo simples e corriqueiro como comprar um livro no supermercado pôde determinar coisas que eu não viveria de outra forma. Já se vão, pra mim, aproximadamente 9 anos em que a série Harry Potter faz parte da minha personalidade. Sim, pois qualquer pessoa que me conheça precisa saber que eu sou a geração Harry Potter, precisa saber que meus melhores amigos vieram junto nesse pacotão de 7 livros. É parte de mim, como dizer que eu cursei Letras, que eu moro em Curitiba, que eu torço pro São Paulo e minha paixão é português e escrever. Resumidamente, uma peça fundamental, que não pode ser ignorada, ou todo o conjunto deixa de funcionar.

Tanta coisa foi vivida nesses anos. Um dia era apenas uma pesquisa pra ter notícias de lançamento do quinto livro, "Ordem da Fênix". No outro, era um fórum de discussões sobre tudo na série, inclusive teorias – uma mais maluca que a outra. Foi nessa época que eu realmente comecei a querer discutir sobre Harry Potter e passei a ser uma “estudiosa”, e não somente uma leitora. Relia várias vezes os livros pra pegar detalhes que outras pessoas não haviam notado e pra rebater aqueles que teorizavam mais com a emoção do que com a razão. Então veio o Orkut e daí pra frente vocês podem imaginar. Em algum tempo, eu estava dentro de um ônibus com destino a São Paulo para assistir ao "Cálice de Fogo", oportunidade em que seria hospedada por uma amiga muito querida, mas que eu nunca havia tido a oportunidade de conhecer pessoalmente. Preciso mesmo dizer que gastei dois meses convencendo minha mãe de que eu não seria sequestrada por tarados?

Mas foi só o começo, pois depois disso viriam outras viagens, um evento potteriano em que eu fiz meu primeiro e único cosplay (não tenho fotos, sorry), outros amigos, Hopi Hari, outras estreias, encontros independentes da série, horas de conversas em msn, cartas trocadas, telefones trocados, confidências trocadas. O compartilhamento de amizades que resistem até hoje à distância, aos preços das passagens, ao desgosto de pais que achavam que os “amiguinhos da internet” eram coisa passageira, que não duraria tanto assim. Permitam-me usar as palavras do @arthurmelo em uma recente postagem no Potterish (aliás, foi lá no fórum do Ish, o Grimmauld Place, n°12, que eu comecei a discutir HP):


"É constatado. Não é uma febre. Não é passageiro. Virar de ponta-cabeça o mundo virtual voltado ao entretenimento em 15 minutos é um trabalho que não se faz e não se prolonga por dez anos. Harry Potter ainda tem a mesma energia do início, ainda move o mesmo número de multidões e deixa todos afobados da mesma maneira – talvez até pior."


Nada era passageiro, nem o amor de quem acompanhou a série, muito menos as amizades geradas por ela. Como é possível um fenômeno desses, que move milhares de pessoas no mundo inteiro e que não perde a força mesmo depois de 13 anos do ponta-pé inicial? Hoje, poucos meses antes da estreia da primeira parte de "Relíquias da Morte", é difícil acreditar que este ciclo está chegando ao fim também no cinema. Mesmo os fãs que, depois de tantos anos, perderam um pouco do interesse pela série sentiram um aperto no coração ao se dar conta de que Harry Potter, afinal, também acabará um dia. É um misto de felicidade por um belo trajeto e uma angústia por ver que esse caminho está nos guiando a um inevitável ponto de chegada. Alegria, tristeza, saudade, expectativa, tudo misturado.

Antes de nós, vieram os tios que hoje se orgulham de ser a “geração Star Wars”, hoje somos nós, potterianos, que nos orgulhamos de ser a “geração Harry Potter”, e isso não é pouca coisa (quantas outras séries faziam os fãs enlouquecerem a ponto de fazê-los irem assistir a um filme com fantasia?). Ainda mais privilegiados são aqueles que, já adultos e praticamente saindo da faculdade, podem dizer que acompanharam o drama da espera pelo quinto livro, a tradução não-oficial da Armada Tradutora (ou qualquer nome por que vocês conhecem eles, é sempre o mesmo pessoal), os eventos, as discussões em fóruns, que chegou a escrever sua própria teoria de como seria o final. Da mesma forma como se alegram os fãs de Lost pela jornada proporcionada pela série, quem acompanhou Harry Potter desde o início pode bater no peito e dizer que Rowling lhe proporcionou uma incrível viagem, da qual se lembrará com carinho e gratidão.

Além de horas de entretenimento e leitura, ganhei amigos, curti uma experiência que, tenho consciência, será única. Conheci pessoas que só passaram pela minha vida porque compartilhavam comigo o gosto por uma série aparentemente despretensiosa. E com essas pessoas vieram muitas lições, novos pontos de vista, foi uma bolha que estourou e me permitiu contato com indivíduos singulares, destinados a cruzar meu caminho em “números binários” e me ensinar que o mundo é grande demais pra eu ter a pretensão de que sei muita coisa. Eu não sei é nada. Não sabia sequer que um livro infanto-juvenil me proporcionaria essas experiências.

Provavelmente eu voltarei a escrever sobre esse mesmo assunto em novembro e em 2011, afinal ainda temos pela frente dois filmes que encerram a saga cinematográfica. Mas eu não queria perder a oportunidade de gastar uns minutos falando sobre mais de uma década dessa coisa mágica que foi Harry Potter (sem trocadilhozinho imbecil de revista que não sabe do que fala). Acho que é pouco perto de tudo com que essas pessoas e livros citados já me presentearam; é nada perto da determinação de uma heroína britânica chamada Joanne Kathleen Rowling em publicar seus livros e, por consequência, ser responsável por esses intermináveis círculos de amizade que se criaram por um gosto em comum.

Escolhas. A gente nunca sabe quando elas determinarão seu futuro ou serão apenas um detalhe no seu cotidiano. Por isso nossas escolhas são tão importantes e, como diria um sábio que eu conheci, determinam quem somos muito mais que nossas qualidades. Muito cuidado com elas.



Dedicado a todos que, de alguma forma, acompanharam Harry junto comigo até aqui e continuarão ao meu lado em veredas futuras.

Copa, patriotismo e rivalidade

Curitiba - Rua XV de Novembro (Foto: @juli_cris - Flickr)


Começo dizendo que simplesmente adoro a @Fabielle por vários motivos. Ela é são-paulina, odeia os Colírios da Capricho (até foi uma das responsáveis pelo @vidadegayroto), fala o que vem na cabeça, tem um blog muito legal e me inspirou a escrever este post que fala sobre coisas que todo mundo discute de 4 em 4 anos. Porque é assim, se não tem assunto, inspire-se nos textos dos outros. E, enquanto eu ia lendo o post dela sobre Copa do Mundo, muitas ideias surgiam na minha cabeça e preferi eu mesma escrever minha opinião no lugar de fazer apenas um comentário quilométrico no blog dela.

Eu sou uma pessoa patriota e não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. Amo meu país, acho que este é meu lugar, onde tenho minhas raízes, onde está a cultura que formou meu caráter, a língua que eu tanto amo e me levou a cursar a minha faculdade, um país que eu admiro pela diversidade, por tornar possível a convivência entre católicos, evangélicos, islâmicos, budistas, judeus, asiáticos, europeus, índios e mais quantos tipos você puder imaginar. Acho, inclusive, que aqui brancos e negros têm as mesmas oportunidades. Pra mim, a marginalização tem mais a ver com o status social do que com a cor da pele, ou você não acha que um negro com muito dinheiro também pode desfrutar de muitos privilégios? Mas esse não é o foco, então vou deixar essa discussão de lado (por favor, façam o mesmo). Fico muito revolts com pessoas que possuem banda larga, estudam em escola particular, moram em bairros de classe média, viajam pelo menos anualmente ao exterior, possuem plano de saúde, o video game da moda e ainda dizem que não gostariam de nascer ou morar no Brasil. Filho, você nem sabe o que é passar por dificuldades neste país, se enxerga!

Sim, nós temos defeitos, não sou uma ufanista maluca e utópica que só enxerga a sociedade privilegiada em que eu vivo. Somos o país do futebol, da praia, do carnaval, do “pulmão do mundo” (piada, né), de uma rica diversidade natural, de gente alegre e receptiva, de mulheres bonitas, da Gisele Büdchen, do Pelé, do Machado, do Tom Jobim, do Villa-Lobos, do Santos Dumont, do Lula (yeah, do Lula!), da Zilda Arns; mas também somos o país da desigualdade social, do analfabetismo funcional (que me preocupa mais que o analfabetismo propriamente dito), da mortalidade de bebês nas maternidades, da justiça lenta e para poucos, do jeitinho, do sujeito que quer mais se dar bem e que se danem os outros, da Geisy Arruda, da corrupção, do Collor, do Maluf, do Restart, do Cine, do Fiuk e sua (horrorosa) banda Hori, da Cláudia Leitte, da Susana Vieira, das celebridades de ocasião, dos ex-BBB’s, das mulheres-fruta. Nós temos problemas. Muitos problemas.


Restart: orgulho brasileiro. Not.


Numa coisa eu concordo com a Fabielle: patriotismo de 4 em 4 anos e nada são a mesma coisa. Isso não é patriotismo, é ir com a boiada onde ela vai, é se deixar hipnotizar pelo verde-e-amarelo pintado horrorosamente nos muros. Acho que minha maior contribuição com o país é – pelo menos tentar – votar consciente, acompanhar notícias sobre política, ajudar alguém a achar determinada rua quando me pedem informação, é guardar até o menor lixinho pra jogar na próxima lixeira, é não ficar parada na porta do ônibus porque eu sei que alguém vai querer descer, é usar fones de ouvido porque eu tenho consciência de que as outras pessoas à minha volta não são obrigadas a ouvir a mesma música que de que eu gosto, é não tentar tirar proveito de qualquer situação. Resumidamente, é fazer coisas simples que estão ao meu alcance, fazer o melhor pra poder viver harmoniosamente em sociedade, contribuindo, assim, pra que o lugar em que eu vivo seja um pouco melhor.


Tudo isto posto, reafirmo que eu sou patriota. Além de patriota, sou são-paulina e nunca vou torcer pro Corinthians. Não me importa quem eles estejam enfrentando e pouco me interessa se eles são “o Brasil na Libertadores” (mesmo que isso não aconteça com frequência). Se o jogo for Corinthians vs. Boca Juniors, pode estar certo de que eu estarei cruzando os dedos pra que a bola argentina entre no gol, mas não porque eu gosto da Argentina, e sim porque eu tenho uma rivalidade pessoal com o outro time em questão. O mesmo acontece na Copa. Primeiramente eu vou torcer pelo meu país, independentemente se eu gostar do técnico ou da escalação que ele fez. Torcer, felizmente, não é racional. Também estou c*g*nd* pro fato de que outras seleções possuem mais ídolos que a minha. Normalmente eu assisto jogos de outras seleções porque eu gosto de futebol, sim. Então simpatizar com uma seleção ou outra é perfeitamente saudável e compreensível.

Mas, por favor, não me venha com o papo de que você vai torcer pra um outro país em vez de torcer pelo Brasil. Isso, sim, eu acho uma tentativa miserável de ser do contra e rebelde. A coisa ainda piora quando o argumento pra essa decisão é uma divergência entre quem você queria selecionado e quem o Dunga chamou pra Seleção. É desnecessário, só prova que você tem uma necessidade de chocar quem quer que você ache que se choca com isso. Não é sequer uma questão de ser antipatriota, é de ser bobinho e infantil. A Argentina, a Holanda, a Espanha ou a Costa do Marfim são boas seleções e reúnem seus ídolos no futebol? Ótimo! Mas eu não compreendo quem prefere esperar uma derrota brasileira pra se vangloriar de estar torcendo contra o próprio país. Em vez de se revoltar contra uma seleção de futebol ou tentar usar de sua infinita influência entrando em campanhas pelo Twitter, tente fazer algo útil pelo lugar em que você vive. Nem que seja esperar chegar em casa pra jogar no lixo um mísero papel de bala. Ou vá embora de uma vez e pare de reclamar.


Obs: Caso você não tenha entendido que aquilo lá em cima era um link pro post que inspirou este, repito: clique AQUI pra ler o texto da Fabielle.

Update: Já que estamos falando em Copa e Brasil, a última frase ficou uma vibe super "Ame-o ou deixe-o". Sim, falei antes que alguém o faça.

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