Ao som do Danúbio Azul

PS¹: Caros educadores e/ou donos de instituições de ensino, a ideia contida neste artigo está aberta a sugestões de implantação na realidade pedagógica escolar. Valores a negociar. Solicitar curriculum vitae nos comentários deste post.



Talvez futuramente eu mude a posição deste parágrafo, mas quero começar explicando o que seria Danúbio Azul. Não, ninguém é obrigado a saber o que é isso, mesmo que a maioria já conheça, afinal nem todos deixarão como legado na Terra uma monografia sobre Wall-E (mal aí quem não me aguenta mais falando disso... (nem é sobre isso, continue na página!)), mas boas ideias merecem ser entendidas (modéstia? Nunca fomos apresentadas). Bem, Danúbio Azul é o nome de uma valsa mundialmente conhecida, também, por proceder a igualmente bela Also Sprach Zarathustra no filme 2001: Uma Odisséia no Espaço. Se a canção anterior marcava um momento de evolução – o homem primata descobrindo a ferramenta -, a composição de Johann Strauss representa a realidade tecnológica num estágio já avançado. Ok, eu ainda não assisti ao filme, mas quem nunca pagou de pseudointelectual (grrrr!) que atire o primeiro tomate.

Desde que meu pai morreu, e isso já faz 9 anos, eu ouço a frase “tinha que ter um homem nesta casa” sempre que algum problema de ordem elétrica, mecânica, arquitetônica ou marcenerística(?) ocorre. Isso sem mencionar a declaração do imposto de renda, mas pra isso tem o contador. O drama: só moramos eu, minha irmã e minha mãe aqui em casa. A especialidade da maninha é ajustar relógios (som, DVD, TV, rádio, micro-ondas...), o da minha mãe, cozinha, presumimos então que o resto sobra pra mim. Às vezes eu tento resolver um ou outro obstáculo, mas a ausência de um homem aqui é sentida até numa simples troca de lâmpada, não sei por que raios. Me dá uma cadeira e eu resolvo, p***! Eu me recuso a precisar do sexo masculino pra isso. Estou longe de ser feminista e ainda acho as moças que dobraram a jornada de trabalho da mulher umas otárias que deveriam ter sido queimadas junto com seus sutiãs, mas tenho meu orgulho, obrigada.


Já ouvi também o relato de uma jovem mãe que, precisando se mudar sozinha com o filho, viu-se diante da situação de ter que desmontar um guarda-roupa e, para não se perder (ainda mais), enumerou cada porta que tirava do móvel para poder remontá-lo em sua casa nova. Identifiquei-me de imediato! Na minha primeira mudança sem assessoria masculina, fui a encarregada do computador. Hoje isso é simples até pra mim, claro, mas na época foi como se eu estivesse à beira de prestar vestibular, aquela impressão de que um errinho faria mundo viria abaixo, em cima da minha cabeça. O que eu fiz então? A c-a-d-a cabo que eu desplugava, grudava na tomada um papel com um número e fazia o mesmo em seu correspondente de entrada no gabinete (organizada eu sou, ninguém pode contestar). Calculem o nível do meu desespero num tempo em que cabo USB ainda era contado como vantagem em um periférico. E se isso me assustou, sendo eu uma adolescente de 16 anos, no auge do deslumbramento com internet e tecnologia, imagine pessoas mais velhas que precisam encarar essa realidade desenfreada. Melhor, não imaginem, vejam!!! Já existe o personal tecnológico, um (pilantra) especialista em ensinar as pessoas como enviar fotos de uma câmera digital para um pc (!).

Então vem a proposta: por que não incluir ensino de novas tecnologias no currículo escolar? Digo isso tendo em vista minha recente dificuldade em conseguir desvendar os mistérios de um template de blog (fora que meu pc está precisando ser formatado, mas me faltam culhões para realizar o feito). E olha que eu sei sacar dinheiro em caixa eletrônico, bem como realizar transferências no mesmo sem formar uma fila enfurecida atrás de mim e, principalmente, sei manusear uma câmera digital. Aposto que a matéria seria muito mais útil do que aprender a resolver matrizes ou decorar as siglas que simbolizam cada tipo de clima do planeta (a de Curitiba é CWB *orgulho*). É uma realidade. Mais dia, menos dia, todos precisarão de um blog, mesmo que seja pra postar 3 vezes e desistir diante da constatação que isso não deixa ninguém rico. Ainda existem colégios que lecionam “culinária”, por que não oferecer independência tecnológica às futuras gerações? Seria isso parte de um plano para alimentar a autoafirmação masculina e jovem, conferindo ao primeiro grupo a impressão de que ainda precisamos de seus préstimos e ao segundo a de que velho (entende-se velho como: passou dos 30 e não sabe mais nem usar o botão da TV) tem que se contentar com suas pantufas e ficar em casa? E a medida deve ser implantada a tempo, antes que a realidade nos coloque em convívio com R2-D2's domésticos.


Eu acho digna minha idéia, acho sim [/serena].




¹ PS, neste caso, significa "pré-scriptum²", afinal está acima do texto.
² Mentira, claro que eu inventei. E por acaso alguém sabe qual é o antônimo de "post", em latim? Pois é.

Update: "Antes", em latim, é "ANTE". E Érika também é cultura.
Errata: O link para a música Also Sprach Zarathustra estava errado e foi corrigido. E o blog começa bem, vamos que vamos!

9 comentários:

Paulo Sérgio Brito disse...
17 de setembro de 2009 às 06:22

Ótima sugestão, no entanto, as mulheres, na maioria das vezes, gostam de ser dependentes do sexo masculino, gostam de que a vejamos como seres fragilizados, e isso - na minha opinião - revela um pouco da magia feminina, pois o fato delas quererem ser dependentes não significa que elas são dependentes de fato.Digamos que seja apenas um método para elevar o ego do seu parceiro.


Ótimo texto, Érika! :)
Ótimo

Franciele Campos disse...
17 de setembro de 2009 às 08:03

Gostei da sugestão. Tem certeza que não é feminista? rs. Realmente a mulher que foi educada nos tempos modernos, não sente necessidade de um homem para qualquer serviço simples. Somos educadas para sermos independentes. Em todo caso, não nego a imperiosa a necessidade um espécime(?) masculino na minha residencia para o assassinato de uma barata.

Adorei o texto, você escreve muito bem.

Lay disse...
18 de setembro de 2009 às 14:01

Também acho totalmente digna. Até pq, no mundo de hoje, vc PRECISA saber lidar com as novas tecnologias. A matéria podia até ser opicional, sei lá.

v. disse...
19 de setembro de 2009 às 05:45
Este comentário foi removido pelo autor.
v. disse...
19 de setembro de 2009 às 05:47

Adorei sua proposta e tomarei-a para mim em futuras discussões sobre o sistema de ensino brasileiro. Só espero que minha mulher não seja tão orgulhosa, porque trocar lâmpadas é algo que me diverte. Também dá aquela inflada no ego, não é? :D

_

Veja 2001 o quanto antes. Não é o tipo de filme que eu recomendo aos outros com frequência, porque é bastante difícil saber quem gostará. De qualquer forma, é item obrigatório pra quem gosta desse treco chamado cinema. Conte-me quando tiver assistido.

E continue escrevendo bem assim. Me agrada ainda mais que trocar lâmpadas, com toda certeza. ^^

Unknown disse...
19 de setembro de 2009 às 17:33

Porque não ensinar novas tecnologias nas escolas? Públicas? Talvez. Ainda está tramitando no senado o projeto de lei que obriga o ensino religioso em todas as escolas públicas municipais...e o Brasil é um estado laico...o que nos leva a pensar que o governo não tem interesse algum de que as pessoas realmente pensem e sim que elas continuem condicionadas a serem burras.

Nanda disse...
21 de setembro de 2009 às 16:44

Vou te contar que o Bruno tava com planos de ser um desses rapazes que ganham dinheiro ensinando velhinhas a usar o msn. E aí, comofas, você destrói o futuro do menino? hauehuhae

Érika Zemuner disse...
21 de setembro de 2009 às 17:10

Haushaushaushas! O mundo é dos espertos, né. Azar das velhinhas que não se adaptaram aos novos tempos.

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