Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, poderia estar no bate-papo UOL, poderia estar fazendo trabalho de Semiótica, poderia estar lendo livros para o TCC. Mas estou aqui, escrevendo sobre um assunto saturado. Por isso eu peço: créditos, meu povo. E perdão.
“Aluna é hostilizada em faculdade por ir à aula de vestido curto”. Esta é uma das manchetes mais rasas que eu li nos últimos dias, e isso, depois de uma enxurrada de matérias sobre o tal “apagão”, é alguma coisa. Acredito que qualquer brasileiro esteja mais que habituado a ver mulheres de minissaia todos os dias, certo? Nem os curitibanos, que vivem nessa cidade gelada por pelo menos três das quatro estações, fazem escândalo por verem uma moça de trajes mais ousados na rua. Então por que um monte de gente jovem, frequentadores de festas e pistas de dança, seria diferente? Sim, aqui também há quem vá à aula com vestidinho curto quando o calor permite. Diante disso, acho inocência demais dizer que a garota da história apenas colocou os pés dentro da faculdade e começou a ser ofendida. Então as manchetes, além de tudo, contêm certa dose de mentira. Qualquer um que estude orações subordinadas ou saiba interpretar uma (mesmo que inconsciente de que saiba) entendeu a relação de causa e efeito: a aluna foi hostilizada porque foi de vestido curto. Será que apenas eu desconfiei que havia mais do que um vestido rosa no meio?
Não, não acho que o fato dela ter desfilado pelos corredores ou erguido ainda mais a saia já curta justifique todo aquele circo que se armou, afinal ainda estamos falando de universitários (mesmo que sejam da Uniban rs), com idade suficiente para ignorar atitudes de uma garota necessitada de atenção. E ainda acho que ela tem todo o direito de ir com a roupa que quiser onde quiser. O que não é suficiente pra eu achar que ela estava certa, mas tudo bem. Comentando isso, de que vivemos em sociedade e que ela nos impõe certos tipos de condutas, me questionaram se eu hostilizaria alguém por ir de burca à praia caso sua religião a obrigasse, acusando meu tipo de mentalidade como responsável pelo que aconteceu à menina. Pra começar eu sequer ofenderia a garota do vestido rosa, depois que, nesse caso, não se trata de uma diferença cultural, e sim de falta de bom senso. Mas, se é pra fazer o trabalho bem feito, também quebro o argumento de tolerância à diversidade cultural: quem me perguntou isso aprova a mutilação sofrida por meninas de algumas tribos africanas? Isso também é diversidade cultural, o povo delas acredita que a mulher nasceu para gerar filhos, não para sentir prazer. Xeque.
O que mais me preocupa nesse caso, além da preguiça que a imprensa tem em mostrar as duas versões da história, é a tendência que as pessoas possuem em vomitar um discurso politicamente correto de tolerância sem analisar os fatos. Estamos com uma mania tão besta de defender qualquer minoria custe o que custar - inclusive nossa capacidade de raciocínio e análise - que criamos automaticamente toda uma argumentação em prol de qualquer injustiçado e nos esquecemos de que qualquer mínimo acontecimento possui mais de um ponto de vista. A pobre menina saiu aos berros de “puta”? Queimem os responsáveis na fogueira, as mulheres lutaram para que outras mulheres pudessem ser livres e fazer o que lhes dá na telha. Como mulher, eu fico muito ofendida que esses esforços, que conquistaram nosso direito ao voto, ao trabalho, a ter voz presente na sociedade, se resumam ao direito de sair mostrando a bunda dentro de uma instituição de ensino. Nenhuma mulher queimou seus sutiãs a troco disso. Sou contra nudez? Lógico que não. Quer tirar a roupa e ganhar dinheiro pra posar pra uma revista masculina? Fique à vontade, você está no seu direito. Mas saiba lidar com as consequências disso e admita que você o fez por dinheiro, não pelo intelecto (alguém ouviu Fernanda Young?); ou pra chamar a atenção mesmo, não porque as feministas lutaram pelo seu direito de usar seu corpo pra provocar estudantes. Seja honesta!
Agora o espetáculo já está armado: a faculdade já está com o nome (mais) sujo no círculo universitário e intelectual; alunos de outras faculdades que nada têm a ver com a confusão ficam nus como forma de protesto; a vítima está sendo assessorada por um séquito de seis ou sete advogados; a imprensa deu seu recado; as pessoas já podem dormir em paz porque estão indignadas diante de tal injustiça; muitos filósofos opinaram sobre o preconceito e o moralismo em cada um; os alunos da tal faculdade, palco desta palhaçada, foram rebaixados a vermes acéfalos. Enquanto isso, Geisy, que nada tem com isso, estampa uma das páginas do Ego porque mudou o visual e aplicou 70 cm de cabelo natural importado da Alemanha e estuda propostas para posar nua (ela deu uma entrevista dizendo que a mãe tinha desmaiado ao saber do ocorrido, será que ver a filhinha como capa de revista de marmanjo vai deixar ela mais alegrinha? Torço pra que sim). Geisy não tem motivo nenhum pra voltar pro seu cursinho de turismo, por enquanto lucra muito mais estando fora. Esperta.
Idiota é a faculdade que coroou a canonização de mais uma candidata a pseudo-celebridade expulsando a protagonista e voltando atrás em sua decisão. Imbecis somos nós que formamos plateia, que perdemos tempo lendo Ego, que gastamos alguns minutos defendendo ou atacando quaisquer que sejam os lados dessa história e não ganhamos nada com isso. O Brasil não aprende.
“Aluna é hostilizada em faculdade por ir à aula de vestido curto”. Esta é uma das manchetes mais rasas que eu li nos últimos dias, e isso, depois de uma enxurrada de matérias sobre o tal “apagão”, é alguma coisa. Acredito que qualquer brasileiro esteja mais que habituado a ver mulheres de minissaia todos os dias, certo? Nem os curitibanos, que vivem nessa cidade gelada por pelo menos três das quatro estações, fazem escândalo por verem uma moça de trajes mais ousados na rua. Então por que um monte de gente jovem, frequentadores de festas e pistas de dança, seria diferente? Sim, aqui também há quem vá à aula com vestidinho curto quando o calor permite. Diante disso, acho inocência demais dizer que a garota da história apenas colocou os pés dentro da faculdade e começou a ser ofendida. Então as manchetes, além de tudo, contêm certa dose de mentira. Qualquer um que estude orações subordinadas ou saiba interpretar uma (mesmo que inconsciente de que saiba) entendeu a relação de causa e efeito: a aluna foi hostilizada porque foi de vestido curto. Será que apenas eu desconfiei que havia mais do que um vestido rosa no meio?
Não, não acho que o fato dela ter desfilado pelos corredores ou erguido ainda mais a saia já curta justifique todo aquele circo que se armou, afinal ainda estamos falando de universitários (mesmo que sejam da Uniban rs), com idade suficiente para ignorar atitudes de uma garota necessitada de atenção. E ainda acho que ela tem todo o direito de ir com a roupa que quiser onde quiser. O que não é suficiente pra eu achar que ela estava certa, mas tudo bem. Comentando isso, de que vivemos em sociedade e que ela nos impõe certos tipos de condutas, me questionaram se eu hostilizaria alguém por ir de burca à praia caso sua religião a obrigasse, acusando meu tipo de mentalidade como responsável pelo que aconteceu à menina. Pra começar eu sequer ofenderia a garota do vestido rosa, depois que, nesse caso, não se trata de uma diferença cultural, e sim de falta de bom senso. Mas, se é pra fazer o trabalho bem feito, também quebro o argumento de tolerância à diversidade cultural: quem me perguntou isso aprova a mutilação sofrida por meninas de algumas tribos africanas? Isso também é diversidade cultural, o povo delas acredita que a mulher nasceu para gerar filhos, não para sentir prazer. Xeque.
O que mais me preocupa nesse caso, além da preguiça que a imprensa tem em mostrar as duas versões da história, é a tendência que as pessoas possuem em vomitar um discurso politicamente correto de tolerância sem analisar os fatos. Estamos com uma mania tão besta de defender qualquer minoria custe o que custar - inclusive nossa capacidade de raciocínio e análise - que criamos automaticamente toda uma argumentação em prol de qualquer injustiçado e nos esquecemos de que qualquer mínimo acontecimento possui mais de um ponto de vista. A pobre menina saiu aos berros de “puta”? Queimem os responsáveis na fogueira, as mulheres lutaram para que outras mulheres pudessem ser livres e fazer o que lhes dá na telha. Como mulher, eu fico muito ofendida que esses esforços, que conquistaram nosso direito ao voto, ao trabalho, a ter voz presente na sociedade, se resumam ao direito de sair mostrando a bunda dentro de uma instituição de ensino. Nenhuma mulher queimou seus sutiãs a troco disso. Sou contra nudez? Lógico que não. Quer tirar a roupa e ganhar dinheiro pra posar pra uma revista masculina? Fique à vontade, você está no seu direito. Mas saiba lidar com as consequências disso e admita que você o fez por dinheiro, não pelo intelecto (alguém ouviu Fernanda Young?); ou pra chamar a atenção mesmo, não porque as feministas lutaram pelo seu direito de usar seu corpo pra provocar estudantes. Seja honesta!
Agora o espetáculo já está armado: a faculdade já está com o nome (mais) sujo no círculo universitário e intelectual; alunos de outras faculdades que nada têm a ver com a confusão ficam nus como forma de protesto; a vítima está sendo assessorada por um séquito de seis ou sete advogados; a imprensa deu seu recado; as pessoas já podem dormir em paz porque estão indignadas diante de tal injustiça; muitos filósofos opinaram sobre o preconceito e o moralismo em cada um; os alunos da tal faculdade, palco desta palhaçada, foram rebaixados a vermes acéfalos. Enquanto isso, Geisy, que nada tem com isso, estampa uma das páginas do Ego porque mudou o visual e aplicou 70 cm de cabelo natural importado da Alemanha e estuda propostas para posar nua (ela deu uma entrevista dizendo que a mãe tinha desmaiado ao saber do ocorrido, será que ver a filhinha como capa de revista de marmanjo vai deixar ela mais alegrinha? Torço pra que sim). Geisy não tem motivo nenhum pra voltar pro seu cursinho de turismo, por enquanto lucra muito mais estando fora. Esperta.
Idiota é a faculdade que coroou a canonização de mais uma candidata a pseudo-celebridade expulsando a protagonista e voltando atrás em sua decisão. Imbecis somos nós que formamos plateia, que perdemos tempo lendo Ego, que gastamos alguns minutos defendendo ou atacando quaisquer que sejam os lados dessa história e não ganhamos nada com isso. O Brasil não aprende.
6 comentários:
Eu não escreveria melhor, ficou muito bom. Compartilho este pensamento sobre essa porcaria toda. Isso está me irritando, como ééééééé que o povo acha essa mulher uma coitadinha?! Tá todo mundo errado nessa história CHATA que domina os jornais.
E digo mais, menina feia pra caramba, toda sebosa, ganhando com isso tudo. Entrou na faculdade pra pegar diploma e tentar ganhar dinheiro, agora nem disso precisa. Que tire as fotos peladas e deixe nossos meios de acesso à informação livres dessa escrotice toda assim que puder, obrigada.
P.S.: Revista de Geisy pelada. Lucro FAIL.
Eu sou um ser alienado das manchetes nacionais e só fiquei sabendo do caso Uniban uns dias depois. Fiquei sabendo por um post em um blog, post esse que não contava da missa a metade. Aí saí fuçando, o orkut é minha fonte e veracidade não me faltará. E ví vídeo da tal menina. E vi o vestido. E vi que sim, ela sofre de déficit de atenção (dos outros em relação a ela), e sim, ela saiu mostrando a bunda e querendo causar na faculdade. Não justifica, é o mesmo argumento do estuprador (ela provocou), mas equilibra um pouco mais a situação. Sim, a comoção aconteceu durante o intervalo de aulas e grande parte das pessoas não sabia o que estava acontecendo, estava ali pela farra. Não só os alunos da Uniban, mas todos os seres humanos refletem padrões de comportamento quando estão em grupo. O que são as flashmobs senão isso? Não, eles não estavam certos. Mas daí à imprensa colocar a menina num pedestal? Tá que dá pra ver a calcinha dela melhor quando ela está no alto, mas mesmo assim.
Falei, falei, mas seu texto já havia dito isso tudo. Tá certíssima. Só queria acrescentar que ainda por cima, a Geisy é feia.
Ah, gostei muito do que eu li aqui. =)
Ela já devia ser uma Bitch. Acho que ninguém sairia humilhando outra pessoa só por causa de um vestido curto. Rs
Mas mesmo assim, nada justifica, néam.
Ah, to tentando engordar, pra ficar que nem ela e tirar a roupa na escola. Serei mais radical. Talvez eu ganhe dinheiro assim. Estou apelando para qualquer coisa.
Telefone para contato, caso alguém leia.
(13) 301 ... Oi
A tal da Geisy estava no terceiro ano da faculdade, se não me engano, não é mesmo?Você acha realmente que foi a primeira vez que a mocinha (com aquelas coxas gigantescas) não havia usado um vestido parecido antes?Ah, pelo amor de Deus! Claro que já, talvez até menores.O que deve ter acontecido?Ela e uma garota disputaram garoto, ela foi para causar e causou.O resto acho que todas as mulheres entendem, o jogo sempre foi assim, mas dessa vez chegou a um ponto digno de manchete.Universitários agindo como macacos e a dona Geisy trancafiada em uma sala.Depois disso, o que aconteceu?A Geisy virou celebridade e, apesar de eu honestamente achar que ela está certa nessa questão, passou a aproveitar da fama.Ela é esperta, Érika, talvez mais do que você.Ela não vai posar nua, vai continuar a vida, ganhando dinheiro por respirar, mas sem "baixar-se ao nível de posar nua", ela dirá.E agora é isso, a baixaria virou escândalo nacional e todos vamos dormir tranquilos: nós somos bons, nós somos maravilhosos, já que nós nos indignamos com a atitude abominável daqueles universitários.O Brasil não aprende? O humano não aprende.
Tipo.. Opinião mto bem formulada..
Concordo plenamente sem tirar nem or nd'
Ninguém me convence que a tal da Geisy era santa, mas nada justifica a atitude dos alunos da Uniban. E eu nem fico naquela de que 'Se fosse comigo', pq simplesmente não é comigo, é com a Geisy. Se nós temos o direito de ficar indignados? Claro que sim, mas por favor,né? Ficar nu em protesto? ai, ai!
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